sábado, 19 de junho de 2010









Criando oportunidades

Com 27 anos, o jovem Designer Mateus Boeri apresenta uma vasta experiência no campo da criação de calçados. Começou fazendo o curso técnico em calçados, do SENAI e, ao mesmo tempo, iniciou a trabalhar em empresa, onde conheceu todo o processo de criação e montagem de um sapato. Passou por todos os setores e procurou aprender bem cada etapa.

Percebia que mesmo não sendo um bom desenhista era capaz de expressar e visualizar o que desejava. Por isso ele questiona aquilo que chamou de “mito sobre o desenho”, diz que importante é aprender a se expressar. Mesmo pensando assim, buscou aprender a desenhar melhor.

Nessa experiência de trabalho compreendeu que um designer precisa saber além do desenho, tem que entender de ficha técnica, de mercado consumidor, de materiais, de custo, ou seja, quanto mais souber mais chances tem de criar novas oportunidades e de fazer seu projeto ser bem aceito.

Da mesma maneira que outros palestrantes, Mateus insistiu na importância de estar bem informado, de ser curioso sobre tudo que acontece, enfim, de ser uma pessoa “antenada” com o seu mundo. Quando fala sobre criar oportunidades e não esperar que batam a sua porta, fala em criar redes de relacionamentos. São essas redes, formadas por pessoas de todas as áreas, que abrem portas que antes estavam fechadas. Em cada lugar que se vai é uma possibilidade de futuro.

Mateus iniciou a projetar seu nome pensando sempre em ser o melhor naquilo que faz. E foi ganhando experiência na medida em que participava de concursos. Desde 2003, participa do concurso da Francal. Naquele ano, ganhou 3º lugar na categoria Casual Masculino. No ano seguinte, ganhou novamente em 3 categorias: social masculino, casual masculino e tênis unissex. E assim continua participando.

A partir do primeiro concurso abriu-se um contato importante na carreira dele. Foi convidado a trabalhar na West Coast. E essa oportunidade o levou a Europa várias vezes, sempre trabalhando para a empresa.

Em 2008, abriu seu próprio escritório de criação: M3 Design. Agora, trabalha gerenciando sua própria equipe de criação.

Ao finalizar, Mateus insistiu muito em desmistificar a lenda do glamour da profissão. Não há glamour para quem precisa todos os dias buscar clientes, criar novos produtos, estar atento ao que o mercador e ainda estudar. Há muito trabalho e muita coisa a ser feita. Quem fizer direito e com respeito terá espaço no meio.


















FUNDAÇÃO LIBERATO

CURSO DE DESIGN

HISTÓRIA DA ARTE 2

Profª. Sonia Porto Machado


A Moça Tecelã

Marina Colasanti


Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite. E logo sentava-se ao tear.

Linha clara, para começar o dia. Delicado traço cor da luz, que ela ia passando entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte.

Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longo tapete que nunca acabava.

Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na lançadeira grossos fios cinzentos do algodão mais felpudo. Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido. Leve, a chuva vinha cumprimentá-la à janela.

Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os pássaros, bastava a moça tecer com seus belos fios dourados, para que o sol voltasse a acalmar a natureza.

Assim, jogando a lançadeira de um lado para outro e batendo os grandes pentes do tear para frente e para trás, a moça passava os seus dias.

Nada lhe faltava. Na hora da fome tecia um lindo peixe, com cuidado de escamas. E eis que o peixe estava na mesa, pronto para ser comido. Se sede vinha, suave era a lã cor de leite que entremeava o tapete. E à noite, depois de lançar seu fio de escuridão, dormia tranqüila.

Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.

Mas tecendo e tecendo, ela própria trouxe o tempo em que se sentiu sozinha, e pela primeira vez pensou em como seria bom ter um marido ao lado.

Não esperou o dia seguinte. Com capricho de quem tenta uma coisa nunca conhecida, começou a entremear no tapete as lãs e as cores que lhe dariam companhia. E aos poucos seu desejo foi aparecendo, chapéu emplumado, rosto barbado, corpo aprumado, sapato engraxado. Estava justamente acabando de entremear o último fio da ponto dos sapatos, quando bateram à porta.

Nem precisou abrir. O moço meteu a mão na maçaneta, tirou o chapéu de pluma, e foi entrando em sua vida.

Aquela noite, deitada no ombro dele, a moça pensou nos lindos filhos que teceria para aumentar ainda mais a sua felicidade.

E feliz foi, durante algum tempo. Mas se o homem tinha pensado em filhos, logo os esqueceu. Porque tinha descoberto o poder do tear, em nada mais pensou a não ser nas coisas todas que ele poderia lhe dar.

— Uma casa melhor é necessária — disse para a mulher. E parecia justo, agora que eram dois. Exigiu que escolhesse as mais belas lãs cor de tijolo, fios verdes para os batentes, e pressa para a casa acontecer.

Mas pronta a casa, já não lhe pareceu suficiente.

— Para que ter casa, se podemos ter palácio? — perguntou. Sem querer resposta imediatamente ordenou que fosse de pedra com arremates em prata.

Dias e dias, semanas e meses trabalhou a moça tecendo tetos e portas, e pátios e escadas, e salas e poços. A neve caía lá fora, e ela não tinha tempo para chamar o sol. A noite chegava, e ela não tinha tempo para arrematar o dia. Tecia e entristecia, enquanto sem parar batiam os pentes acompanhando o ritmo da lançadeira.

Afinal o palácio ficou pronto. E entre tantos cômodos, o marido escolheu para ela e seu tear o mais alto quarto da mais alta torre.

— É para que ninguém saiba do tapete — ele disse. E antes de trancar a porta à chave, advertiu: — Faltam as estrebarias. E não se esqueça dos cavalos!

Sem descanso tecia a mulher os caprichos do marido, enchendo o palácio de luxos, os cofres de moedas, as salas de criados. Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.

E tecendo, ela própria trouxe o tempo em que sua tristeza lhe pareceu maior que o palácio com todos os seus tesouros. E pela primeira vez pensou em como seria bom estar sozinha de novo.

Só esperou anoitecer. Levantou-se enquanto o marido dormia sonhando com novas exigências. E descalça, para não fazer barulho, subiu a longa escada da torre, sentou-se ao tear.

Desta vez não precisou escolher linha nenhuma. Segurou a lançadeira ao contrário, e jogando-a veloz de um lado para o outro, começou a desfazer seu tecido. Desteceu os cavalos, as carruagens, as estrebarias, os jardins. Depois desteceu os criados e o palácio e todas as maravilhas que continha. E novamente se viu na sua casa pequena e sorriu para o jardim além da janela.

A noite acabava quando o marido estranhando a cama dura, acordou, e, espantado, olhou em volta. Não teve tempo de se levantar. Ela já desfazia o desenho escuro dos sapatos, e ele viu seus pés desaparecendo, sumindo as pernas. Rápido, o nada subiu-lhe pelo corpo, tomou o peito aprumado, o emplumado chapéu.

Então, como se ouvisse a chegada do sol, a moça escolheu uma linha clara. E foi passando-a devagar entre os fios, delicado traço de luz, que a manhã repetiu na linha do horizonte.

CLIENTE: Saguão do Curso de Design

ATIVIDADE: “ Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer”. O que você gostaria de tecer?

Painel com caixas de ovos.

1 etapa: individual, faça seu projeto para usar a caixa.

2 etapa: grupos (4 alunos) pense em um projeto coletivo.

3 etapa: escolha 1 representante por grupo para definir a união de todas as caixas em um único painel.

4 etapa: instalar na parede onde estão os bancos do saguão.

O painel não deve ser identificado com elementos indígenas. O cliente deseja que você use a inspiração como pontos de referências. Também deseja que você possa tecer com a sua imaginação e muita criatividade.

INSPIRAÇÃO: Arte indígena americana.

terça-feira, 15 de junho de 2010























FUNDAÇÃO LIBERATO

CURSO DE DESIGN

HISTÓRIA DA ARTE 1

Profª. Sonia Porto Machado

Poemas Neoconcretos I – Ferreira Gullar

”mar azul

mar azul marco azul

mar azul marco azul barco azul

mar azul marco azul barco azul arco azul

mar azul marco azul barco azul arco azul ar azul”

Viajar pelo mundo azul dos deuses gregos expande a imaginação. Azul do céu. Azul do mar. Azul, apenas azul.


CLIENTE: Restaurante no litoral brasileiro.

ATIVIDADE: você recebeu 3 embalagens rendadas azuis. Use-as como início do seu trabalho. Observe as formas, as linhas e cor. Em uma folha A3 (com as devidas identificações) crie alguma coisa para ser usada nesse restaurante. As embalagens devem fazer parte da sua criação como ponto de partida ou até serem usadas como parte da criação.

O dono do restaurante não deseja que a criação seja identificada como grega. Ele deseja que você viaje na imaginação.

INSPIRAÇÃO: Arte Grega

APRESENTAÇÃO: uma aula após o término do conteúdo;

RELATÓRIO: coletivo a ser entregue na aula seguinte a apresentação.

domingo, 6 de junho de 2010





“Estudar é fundamental”

“Cada um tem um sonho e, não podemos destruir o sonho de ninguém.” assim Lívia Menezes, Designer de Moda, estimulou os alunos a acreditarem e buscarem aquilo que os move.

Habilidade e talento não garantem um caminho de sucesso, segundo a Designer. O fundamental é estudar e ler muito. Entender que as oportunidades são construídas na medida em que o estudante participa de eventos, congressos, palestras e concursos. Um profissional nunca está pronto. Deve sempre aproveitar um desafio como uma oportunidade de aprender.

Lívia Menezes, é formada em Moda, na Feevale. Mas mesmo antes de formada já participava de uma atividade que considerou essencial na sua trajetória: durante 4 anos trabalhou em um projeto social comunitário, sempre tentando avaliar que tipo de melhorias isso ocasionava no grupo. Com esse trabalho foi possível conhecer e vincular a profissão escolhida as necessidades de uma comunidade.

Depois partiu para um ateliê que produzia sob medida, em Porto Alegre. Disse que “sempre aproveitou o tempo para aprender o máximo”, fazia de tudo desde modelagem, provas finais, atendia fornecedor, comprava matéria-prima, enfim precisou aprender novas funções.

Buscando uma nova experiência foi contratada para trabalhar com controle de qualidade e auditoria em uma empresa de Guaporé, que produz 5 mil peças por dia. Saiu de um ateliê que produzia por encomenda para uma empresa de grande porte. Um processo diferente e maior fez com que ampliasse o conhecimento e, também, oportunizou ver um produto em todas as etapas.

Organizou treinamento para funcionários, coisa que não havia na empresa e que é fundamental para evitar a rotatividade e a perda de gente capacitada. Percebeu que precisava estudar o processo de produção e conhecer muito mais sobre materiais.

Afirmou, que o designer precisa, todos os dias, provar que é fundamental na qualificação das empresas. E o designer jovem ainda precisa provar que é capaz de qualificar uma engrenagem que sempre funcionou sem ele.

Para ser respeitado no mercado é preciso estar sempre se atualizando. Por isso hoje além de trabalhar na Escola Técnica de Moda, do SENAC Canoas onde ensina modelagem faz Pós-Graduação em Ergonomia, na UFRGS.

Lívia terminou dizendo aos alunos que é fundamental se dar conta que “se não sei fazer alguma coisa é apenas `por enquanto` que não sei.” Estudar é fundamental para ser um designer respeitado no mercado.